Medo do desemprego cresceu mais para os homens, pessoas com menor grau de instrução e entre quem ganha até 1 salário mínimo.
Por Marta Cavallini, G1
Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o medo do desemprego cresceu em junho entre os brasileiros e chegou ao mesmo nível de 1996, quando começou a série histórica.
O Índice do Medo do Desemprego subiu para 67,9 pontos em junho, 4,2 pontos acima do registrado em março.
O índice de 67,9 pontos é o maior valor da série histórica iniciada em maio de 1996, empatado com os valores registrados em maio de 1999 e em junho de 2016. O índice está 18,3 pontos acima da média histórica de 49,6 pontos. O indicador varia de 0 a 100 pontos. Quanto maior o índice, maior o medo do desemprego.
“O medo do desemprego voltou para o maior nível que tinha alcançado durante a crise porque a recuperação da economia está muito lenta e as pessoas ainda não perceberam a queda da inflação e a melhora no emprego”, afirma o gerente-executivo de Pesquisas e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.
De acordo com a pesquisa, o medo do desemprego cresceu mais para os homens e as pessoas com menor grau de instrução. Entre março e junho, o indicador subiu 5,6 pontos para os homens e 2,8 pontos para as mulheres.
Para os brasileiros que têm até a 4ª série do ensino fundamental, o índice subiu 10,4 pontos entre março e junho e alcançou 72,4 pontos. Entre os que possuem educação superior, o índice subiu 0,6 ponto e passou de 59,9 para 60,5 pontos.
O índice de medo do desemprego é maior entre quem ganha até 1 salário mínimo – subiu 7,4 pontos de março para junho. O menor é entre quem ganha mais de 5 salários mínimos – 55,2 pontos.
O medo de perder o emprego é maior entre quem mora na periferia – 73,9 pontos – e no Nordeste (74,1 pontos).
Em relação à faixa etária, o medo de ficar sem trabalho é maior entre as idades de 16 a 24 anos (70,8 pontos).
O levantamento ouviu 2 mil pessoas em 128 municípios entre os dias 21 e 24 de junho.
Insatisfação com a vida
O levantamento mostra ainda que a satisfação com a vida também diminuiu para 64,8 pontos, o menor nível desde junho de 2016, quando alcançou 64,5 pontos. Quanto menor o indicador, menor é a satisfação com a vida.
“Isso é reflexo do aumento do desemprego e de outras questões que envolvem a baixa expectativa sobre a melhora da situação financeira das pessoas e até mesmo as incertezas políticas”, avalia Fonseca. “Os dois indicadores mostram que as perspectivas da população para o futuro são pessimistas. As pessoas ainda não estão confiantes de que o país está saindo da crise”, analisa.
Conforme a pesquisa, queda do índice de satisfação com a vida foi maior na região Sul, onde o indicador caiu 5,3 pontos entre março e junho e ficou em 63,8 pontos. Nas demais regiões, a retração foi inferior a 2,3 pontos. Nos estados do Sul, o índice é menor do que o das demais regiões.