Alvos são fiscais agropecuários federais e os médicos veterinários, que recebiam de R$ 5 mil a R$ 25 mil mensais
Contra esquema de propinas pagas por grande rede frigorífica, a PF (Polícia Federal) desencadeou nesta terça-feira (10) a segunda fase da Operação Porteira Aberta em três cidades de Mato Grosso do Sul e também no Mato Grosso, Goiás, Pernambuco, Paraná e Santa Catarina. Os alvos são fiscais agropecuários federais e médicos veterinários conveniados ao SIF (Serviço de Inspeção Federal).
A imprensa do Mato Grosso apurou que a origem dos pagamentos ilegais é a JBS, empresa com plantas frigoríficas espalhadas por todo o Mato Grosso do Sul. Conforme a investigação, as propinas saíam das unidades da JBS em Campo Grande, Cassilândia e Ponta Porã.
Segundo a PF, o inquérito foi iniciado com base em documentos apreendidos na primeira fase da operação, deflagrada em julho de 2018, quase um ano e meio depois da Operação Carne Fraca – que expôs esquema de adulteração de carnes por mais de uma empresa do ramo. As apurações da Porteira Aberta apontaram que os servidores recebiam para emitirem certificados sanitários sem terem de fato fiscalizado os abates em unidades da empresa.
A Polícia Federal identificou depósitos que variavam de R$ 5 mil a R$ 25 mil mensais até o início de 2017, quando foi deflagrada a Carne Fraca.
Os valores destinados ao pagamento de propinas eram registrados na contabilidade como despesas de consultoria e marketing ou serviço de inspeção federal. A segunda fase é resultado da análise dos dados bancários dos investigados, além da celebração de 11 acordos de colaboração premiadas entre o MPF (Ministério Público Federal)e Polícia Federal com os responsáveis pela operacionalização dos pagamentos.
Os colaboradores afirmaram que houve o depósito de ao menos R$ 6 milhões aos agentes públicos envolvidos.
A Operação Porteira Aberta tem ordens para cumprir 15 medidas cautelares diversas da prisão, dentre elas, o afastamento de fiscais. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Barra do Garças (MT), que também determinou o sequestro de bens e valores pertencentes a quatro servidores, totalizando R$ 5.080.200,00.
Os investigados vão responder por corrupção ativa e passiva, além de organização criminosa, podendo pegar até 20 anos de prisão.
A operação foi denominada Porteira Aberta por causa da ausência de controle dos animais, uma vez que a falta de inspeção dos fiscais sanitários permitia que o gado fosse abatido sem qualquer regramento.