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Barbeiro que matou secretário é esquizofrênico e abandonou tratamento

À polícia, tia de Fernando Souza Gonçalves diz que há dois meses ele parou de tomar medicamentos e passou a usar droga e álcool

 

Por campograndenews, Helio de Freitas

 

O barbeiro Fernando Souza Gonçalves, 31, que na tarde de sábado (4) matou a golpes de faca o secretário municipal de Agricultura Familiar de Dourados, Alceu Junior Silva Bittencourt, 36, é apontado como esquizofrênico e havia parado de tomar os medicamentos há pelo menos dois meses. De lá para cá, passou a consumir bebida alcoólica e a usar drogas.

A informação foi relevada pela tia dele em depoimento na manhã desta segunda-feira (6) ao delegado Rodolfo Daltro, do SIG (Setor de Investigações Gerais). Ela apresentou exames comprovando que o sobrinho tem esquizofrenia e os medicamentos para tratamento psiquiátrico que ele deixou de usar.

A mulher contou que Fernando mora com ela há pelo menos cinco anos. O pai dele mora em Presidente Prudente (SP) e a mãe do rapaz vive na Inglaterra. Neste ano, o barbeiro teria parado de usar os medicamentos e passou a consumir droga e álcool.

“O Fernando aparenta estar em surto psiquiátrico, parou de tomar os medicamentos e passou a consumir bebida alcoólica e droga. Ele alega que o Junior o estava ameaçando, encaminhando mensagens para a tia dele, mas ela nega. É possível que a suposta ameaça tenha sido delírio dele por causa da doença”, afirmou o delegado ao Campo Grande News.

Droga – No momento em que foi preso por guardas municipais na barreira sanitária da Avenida Presidente Vargas, ontem à noite, Fernando estava com uma porção de maconha no carro. Depois do crime, ele fugiu para Itaporã, onde ficou na casa de amigos e perambulando pelas ruas até voltar para Dourados e ser preso na entrada da cidade.

Interrogado hoje cedo na 1ª Delegacia de Polícia Civil, onde fica a sede do SIG, Fernando deu versões desencontradas para tentar explicar a motivação do crime.

Sociedade – Ele disse que havia comprado equipamentos para montar um salão próprio, mas Junior Bittencourt teria pedido que ele ficasse no estabelecimento de propriedade do secretário até o final do ano, para depois se tornarem sócios. Em contrapartida, teria de pagar R$ 10 mil a Junior Bittencourt para entrar como sócio do salão onde ocorreu o crime.

Com o convite do patrão, Fernando vendeu os equipamentos que havia comprado para abrir o salão próprio, mas depois passou a alegar ter sofrido prejuízo financeiro, já que teve de vender o material por valor inferior ao pago na compra.

Segundo o delegado, de fato Fernando havia comprado os equipamentos e depois, com o convite para virar sócio do patrão, vendeu os materiais.

Mas teria se arrependido do negócio por perder dinheiro na venda. A tia dele relatou que o rapaz passou a apresentar comportamento diferente após vender os equipamentos. A polícia suspeita que isso tenha sido o “gatilho” para o surto psicótico, aliado à falta dos medicamentos.

Testemunha – Rodolfo Daltro informou que vai ouvir agora o depoimento da pessoa que estava no salão no momento do crime. Mesmo ocupando o cargo de secretário municipal, Junior Bittencourt continuava, nas horas vagas, atendendo no salão localizado na Rua Mozart Calheiros, no conjunto Izidro Pedroso.

De acordo com o delegado, Fernando tinha trabalhado normalmente na manhã de sábado e retornou à tarde. Junior cortava o cabelo do cliente quando o funcionário se aproximou armado com uma faca de cozinha e desferiu golpes no pescoço do secretário.

Rodolfo Daltro disse que ainda não está claro se Junior Bittencourt havia demitido o funcionário de manhã ou à tarde, pouco antes do crime.

O delegado descartou a versão de que Fernando teria matado Junior Bittencourt por se negar a usar máscara. A história foi contada pela irmã do secretário, em postagem feita ontem em rede social. Fernando será submetido a exame para comprovar se de fato tem esquizofrenia.

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