Criada em 1977 pela Sociedade Vegetariana Norte-Americana, o Dia Mundial do Vegetarianismo é lembrado todos os anos como uma data para incentivar esse tipo de opção alimentar
A agricultura familiar está presente em nossa rotina tanto quanto os aparelhos eletrônicos e o sinal de wi-fi. Seja na feira, no mercado, nas Centrais de Abastecimento de Alimentos (Ceasa) ou mesmo nas refeições prontas (marmitarias ou restaurantes), ela é a responsável por cerca de 70% dos alimentos que chegam aos pratos dos brasileiros. E, se já não bastasse tanta representatividade, esse setor também pode ser um grande aliado das pessoas que fazem adesão a uma dieta mais restrita como é o caso do vegetarianismo.
Nesta segunda-feira, 1º de outubro, em que se celebra o Dia do Vegetarianismo, a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) vem lembrar como o trabalho e a produção do pequeno produtor rural tem um papel interessante para aqueles que buscam os vegetais como protagonistas na dieta ao invés do consumo de carne.
Em Mato Grosso do Sul, estado considerado como “terra da pecuária”, o setor vegetariano representa um espaço pequeno de mercado na Capital, pela baixa concorrência já que a cartela de estabelecimentos voltados a esse tipo de público ainda é um pouco restrita.
Em todo o Brasil, os adeptos da alimentação vegetariana, aqueles que excluem a carne do cardápio, representam 14% da população nacional, ou seja, cerca de 30 milhões de brasileiros. Dados da pesquisa do Ibope encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira. Enquanto que os que se declaram como não vegetarianos representam uma fatia muito maior: 81%.
Seja por opção nutricional ou por filosofia de vida, as pessoas podem se tornar vegetarianas por inúmeras razões que podem ir desde as preocupações com o tratamento de animais e meio ambiente até a busca por uma dieta mais leve, alergia à proteína da carne ou questões de cunho religioso.
Independente de qual for o motivo que levou a pessoa a ser ou querer ser vegetariano é preciso que essa mudança seja feita com muito cuidado, ter um acompanhamento de um nutricionista. E, já no início dessa transição de hábitos alimentares fazer exames periódicos para checar como o organismo irá se comportar.
Uma dica interessante para quem busca esse novo conceito é não radicalizar, eliminando a carne do dia para a noite das suas refeições. A mudança alimentar deve ser feita gradativa. O ideal é cortar a presença da carne uma fez por semana das refeições e isso vai aumentando para três vezes por semana sem carne até que possa se chegar ao consumo apenas no fim de semana ou um dia específico escolhido. Por fim, a pessoa ao longo de alguns meses pode tirar de vez a carne da dieta, mas, sempre com um acompanhamento médico, respeitando os limites de cada organismo dizem os nutricionistas.
Outra orientação que vale ser observada é os diferentes subgrupos de vegetarianismo. A pessoa pode escolher a linha que ela mais se encaixa em termos de hábitos alimentares ou fazer a mudança gradativa do grupo com menor restrição alimentar até chegar ao com maiores limitações. Entre as diferentes vertentes de vegetarianismo segue as principais:
• Ovo-vegetariano: não consome carnes, leite e derivados, mas inclui ovo na alimentação;
• Lacto-vegetariano: exclui carnes, ovos e derivados, mas consome leite e derivados;
• Ovo-lacto vegetariano: exclui as carnes e derivados, mas consome leite, ovos e seus derivados;
• Vegetariano estrito: não consome produtos de origem animal carnes, leite, ovos e seus derivados, mel, vestuário de couro, produtos testados em animais, etc. Também conhecido como vegano, variação do nome inglês “vegan”.
A mudança deve ser feita de forma moderada com a inclusão de novos alimentos. Para quem buscar ser vegetariano a recomendação é consumir folhosas, verduras e legumes variados, cogumelos como o shimeji e shitake, excelentes fontes de proteína, os grãos – linhaça, gergelim, castanhas, e não se esquecer dos carboidratos também. Contudo, o carboidrato não pode ser a única fonte de energia.
Muitas pessoas acham que é só cortar a carne, mas não é bem assim. A alimentação tem que ser equilibrada ou a pessoa acaba deixando o organismo com deficiência em alguma vitamina e minerais e isso pode gerar danos até mesmo no sistema nervoso.
Para você ser adepta a esse tipo de alimentação pode ser algo mais caro, é aí que a agricultura familiar pode ser uma importante alternativa porque não apenas ganha conhecimento da origem dos alimentos, o que casa muito com a filosofia vegetariana, como pode ganhar um poder de negociação ao ter contato direto com o produtor.
Só a Capital conta com seis feiras orgânicas sendo que uma delas é voltada ao público vegano. Trata-se das barraquinhas que estão toda semana montada na praça dos Imigrantes (Centro da Capital) – sábado – das 18h às 22h. Além das feiras convencionais que estão espalhadas por toda a cidade.
Atualmente, são cerca de 120 pontos de comercialização entre centro e regiões periféricas, com poder de movimentação econômica de R$ 7 a 10 milhões por ano, segundo dados do Clube Social do Feirante de Campo Grande.
Texto: Aline Lira – Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer)
Fotos: Néia Maceno