Setor pede que governo aumente alíquota que hoje é de 16% para os importados que chegam da China
Por Cassia Modena | Campo Grande News
As indústrias de pneus que mantêm fábricas no Brasil estão pressionando o governo a subir de 16% para 35% o imposto cobrado para as versões importadas entrarem no País. Eles alegam concorrência desleal, algo que Mato Grosso do Sul conhece bem, mas por conta da compra no Paraguai.
Gerente da loja Caiado Pneus, em Campo Grande, Lilian Baldonado acredita que 70% da clientela do setor acabe preferindo comprar pneus de origem irregular. Todos os vendidos na empresa onde ela trabalha são produzidos em fábrica que fica em Americana (SP).
Em outra unidade do mesmo grupo localizada em Dourados, o cenário é pior. “Fica a mais ou menos 200 quilômetros da fronteira com o Paraguai, então a concorrência é ainda mais desleal”, afirma Lilian.
Osmar Paulino, que gerencia a Speed Pneus, explica que somente uma das linhas que a loja vende na Capital poderá ter aumento no preço como reflexo da possível supertaxação. A maioria dos pneus comercializados hoje por lá, são produzidos no estado do Rio de Janeiro.
O gerente analisa que aplicar o imposto maior pode funcionar para equilibrar a concorrência no setor e beneficiar lojas como a que ele trabalha, num balanço final.
Ele ainda questiona a qualidade dos pneus chineses. “Se você fizer uma pesquisa, vai ver que é muito mais barato fretar um contêiner da China para cá. Pode ser mais vantajoso hoje para quem vende, mas não para o consumidor, por não respeitar uma série de fatores”, começa.
Osmar explica que são feitos anos de estudos antes de um pneu ir para a prateleira. Eles consideram particularidades como temperatura média no país, qualidade do asfalto e o tipo de uso que é feito pelos usuários, por exemplo, o que coloca o produto à frente dos genéricos chineses.
É contra – Gerente da loja de pneus Discâmara, que vende importados de várias marcas, Alex Martins reconhece que a qualidade do pneu importado é inferior. “Um nacional dura em média 40 quilômetros de rodagem, enquanto um importado dura 25 quilômetros”, compara.
Porém, ele defende que se mantenha a alíquota atual aos produtos vindos de outro país, para atender os consumidores que priorizam preço mais atrativo em vez da durabilidade.
Se a supertaxação de 35% for aprovada e começar a valer, Alex estima que o impacto nas vendas da loja será de cerca de -40%.
Produtos contrabandeados, sem nota fiscal, também continuarão concorrendo com a Discâmara. Ele diz que gostaria de ver mais fiscalização na fronteira para evitar isso.
Transportes – Se o pedido das indústrias for atendido, pneus importados para veículos pesados e de cargas também terão maior valor de imposto.
O Setlog/MS (Sindicato das Empresas de Transporte de Mato Grosso do Sul) é contrário ao aumento e lembra que o impacto não seria só nos custos operacionais das empresas do ramo, mas também no frete dos produtos transportados – e que chegam aos supermercados, por exemplo.
“Somos contrários a essa politica de impostos de sobrecarregar as empresas com a carga tributária. O frete vai encarecer e esses custos serão repassados aos consumidores”, prevê o assessor do sindicato, Dorival Oliveira.
Audiência – Neste mês, a Comissão de Viação e Transporte da Câmara dos Deputados aprovou requerimento para realizar uma audiência pública sobre o possível aumento da tarifa de importação de pneus. O encontro reunirá parlamentares, representantes do Executivo, entidades ligadas aos caminhoneiros e ao setor de pneus.
O aumento da tarifa de importação está em avaliação na Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.