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Cientistas publicam carta que alerta risco a biodiversidade e a população do Pantanal

O manifesto foi publicado na revista BioScience e é um alerta para o que pode acontecer nos próximos anos

 

Por: Correio do Estado

Cientistas brasileiros publicaram na revista BioScience deste mês, uma carta intitulada “A tragédia dos comuns: Como decisões sutis e legais ameaçam uma das maiores áreas úmidas no mundo”, alertando sobre riscos que o Pantanal sofre.

O manifesto aborda uma série de decisões locais, que conforme a publicação, criam um cenário perigoso para o futuro do bioma.

Os quatro autores da carta, Fernando Tortato (Panthera), Walfrido Moraes Tomas (Embrapa Pantanal), Rafael Morais Chiaravalloti (IPÊ e Smithsonian Conservation Biology Institute) e Ronaldo Morais (CENAP/ICMBio), começam a publicação relembrando outro estudo realizado há 20 anos, que já fazia um alerta ao Pantanal.

Em 2001, o Dr. J.F. Gottgens, da Universidade de Toledo (EUA), e seus colegas, publicaram o artigo “tirania das pequenas decisões”, que abordava o número crescente de atividades intervencionistas na região.

Os autores da nova carta afirmam que os possíveis problemas relatados em 2001 foram confirmados anos depois, como as secas intensas, incêndios em grandes proporções, aumento no desmatamento, erosão, poluição e represamento de rios.

Entre as ameaças abordadas na nova carta, estão as que vem de mudanças climáticas globais, do desmatamento da Amazônia, da erosão e represamento dos rios da Bacia do Paraguai, mas também de causas humanas, como a implementação de uma hidrovia baseada em intervenções permanentes no Rio Paraguai, a adoção de práticas de produção mais intensiva, com supressão da vegetação nativa, simplificação das paisagens em grandes áreas e o uso inadequado do fogo para manejo da vegetação.

Um dos exemplos citados no manifesto, são as hidrelétricas, e o crescente número de projetos nas bacias dos rios que formam o Pantanal. A autorização para a construção do Porto Barranco Vermelho, em Cáceres, no Mato Grosso (MT), foi citada na publicação, como um exemplo de uma decisão que pode causar impactos negativos ao meio ambiente no futuro.

Segundo a carta, o licenciamento autorizado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente de MT, considerou apenas as consequências locais do empreendimento, sem considerar que o porto às margens do Rio Paraguai só poderá ser viável com uma hidrovia, o que significaria intervenções de engenharia no rio.

“O Pantanal é um ecossistema moldado pelo regime hidrológico, onde a extensão e a duração das cheias sazonais são vitais para a manutenção da biodiversidade, da pecuária tradicional e do uso de recursos por comunidades tradicionais”, explica Fernando Tortato, um dos autores da carta.

O cientista ainda afirma que “estamos assistindo à convergência de ameaças que comprometem o pulso de inundação e podem levar ao desaparecimento do Pantanal como nós o conhecemos hoje”.

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