O Campus Nova Andradina do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) iniciou, no último dia 23, o curso de extensão “Educação para as relações étnico-raciais”, voltado à capacitação de professores e gestores da educação básica para o atendimento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) no que se refere à educação das relações étnico-raciais.
A abertura ocorreu na Escola Estadual Fátima Gaiotto Sampaio, onde serão realizados os encontros, sempre aos sábados, até novembro. O início das atividades contou com a presença de 24 participantes.
“É um projeto que visa reflexão sobre o assunto, na busca de uma escola e de uma sociedade mais justas”, comenta a coordenadora do curso, Marcela dos Santos.
Com duração de 80 horas, o curso visa discutir – por meio de aulas expositivas e rodas de conversa – temas relativos a questões étnico-raciais no contexto brasileiro atual como a existência do racismo estrutural, a condição da mulher negra e o combate ao racismo na escola, entre outros. Ao final, os participantes irão apresentar uma aula sobre o assunto.
A capacitação é ministrada por Marcela dos Santos, professora de Português/Inglês do IFMS e coordenadora do curso, e Claudinei dos Santos, professor de História da Secretaria de Educação do Estado (SED-MS) e de ensino superior na rede privada. A equipe ainda é composta por de estudantes do IFMS, que atuam como monitores, além de outros colaboradores externos.
Marcela explica que o curso surgiu da lacuna percebida nos cursos de ensino superior. “Em linhas gerais, dificilmente encontramos uma matéria sobre educação para as relações étnico-raciais. Considerando a pouca oferta nos cursos universitários sobre o tema, compreendemos que o público-alvo no momento seriam os professores”.
Reflexão – Um dos objetivos do curso é fazer com que os participantes compreendam mais profundamente as questões raciais e sejam capazes de iniciar o debate sobre o tema em sala de aula. “É um projeto que visa reflexão sobre o assunto, na busca de uma escola e de uma sociedade mais justas”, comenta.
A docente, que possui trajetória acadêmica ligada à questão racial, destaca a urgência do tema. Segundo dados do “Atlas da Violência” – estudo do Instituto Econômico de Pesquisa Aplicada (IPEA) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados no mês de junho – 75,5% das vítimas de homicídio no Brasil são negras, maior proporção na última década.
“O curso é de suma importância, pois discutir e entender a dimensão das desigualdades raciais é algo urgente. Afinal, é inegável que estamos vivendo um genocídio da população negra”, ressalta.