por: midiamax
Secretário disse que Governo teria muita dificuldade em promover aumento e continuar concedendo abono e que terá de ser “uma coisa ou outra”
“Está fora de questão incorporar o abono ao salário do servidor”, afirmou o titular da SAD (Secretaria de Administração e Desburocratização), Roberto Hashioka, após reunião com o representantes dos servidores e a comissão de deputados formada para discutir a negociação salarial e o abono do funcionalismo em Mato Grosso do Sul.
A proposta do Governo deverá ser apresentada em reunião na próxima segunda-feira (20). Mas, o secretário adiantou que não há possibilidade de ser concedido abono mais reajuste e que terá de ser “uma coisa ou outra”. “Se o Governo puder escolher, ele escolhe pelo abono, mas não pela incorporação”, sinalizou.
Em relação à incorporação do benefício de R$ 200,00, solicitada pelo funcionalismo, Hashioka detalhou que não é possível porque implicaria outras questões. Segundo ele, hoje o Executivo gasta com a concessão do abono R$ 8 milhões. Caso houvesse a incorporação, além desse do valor já pago seriam acrescentados mais R$ 6 milhões em outras taxas decorrentes do aumento salarial.
Hashioka adiantou ainda que a projeção de gastos com a folha de pagamento para o ano de 2019, caso não haja nenhuma alteração como incorporação do abono, já é de R$ 441 milhões além do que foi gasto em 2018. Caso essa expectativa de valor seja cumprida, fará MS ultrapassar o limite prudencial. Por isso, terão de ser feitos cortes de custeio, explica o secretário.
Hashioka lembrou que é a relação do valor gasto em 2017 com o acumulado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2018 que aponta o limite prudencial que poderá ser gasto em 2019. Segundo ele, com manutenção do abono, o valor de R$ 441 milhões de excedente seria alcançado até o final do ano.
Para que isso não ocorra, o Governo promete cortes de custeio para o próximo semestre. Conforme o secretário, se a economia estivesse em ascendência ainda haveria condições de conceder reajuste. Mas, a projeção do PIB é de arrecadação inferior ao ano passado. Apesar dos indicativos, o secretário não confirma o reajuste zero.
Aumento da folha
“Se o PIB [Produto Interno Bruto] é menor, todo segmento da economia diminui”, argumentou Hashioka atrelando a situação do Governo à economia. Na reunião desta tarde, foi apresentado aos servidores comparativo de 2014 a 2018, mostrando que a folha salaria cresceu 60% nos últimos quatro anos, passando de R$ 4.621 bilhões a R$ 7.385 bilhões.
Conforme o secretário, o aumento é decorrente de novas contratações inclusive por meio de concursos públicos e da concessão das promoções e progressões funcionais. Ele disse ainda que o Governo tem se preocupado com reajuste dos servidores e no início do ano chegou a ter bom resultado da economia. Mas em abril houve recuo de 5.7% no Estado, o que dificultou a situação. Hashioka disse também entender a demanda dos servidores que mais precisam, mas que é necessário se manter dentro da lei.
Comissão
Líder do Governo na ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), o deputado estadual Barbosinha (DEM) disse que a reunião desta tarde foi uma forma transparente de mostrar os números e que o Executivo está receptivo e aberto ao diálogo. “Há a vontade do Governo de não prejudicar os servidores e o Governo está buscando alternativas, mesmo em um cenário de dificuldades”, pontuou. O titular da Segov (Secretaria de Governo e Gestão Estratégica), Eduardo Riedel, participou da conversa com os deputados e servidores, mas não concedeu entrevista.
Na próxima segunda
Representante do Fórum de Servidores, Ricardo Bueno disse que o Governo prometeu que na segunda-feira (20) irá mostrar a proposta efetiva em relação à discussão salarial. Segundo o dirigente, na reunião desta quinta-feira (16) a categoria pediu mais transparência em relação aos gastos e na contratação dos comissionados.
“A partir do momento que o Riedel atendeu a gente começou a melhorar”, comentou, dizendo que na terça-feira os dirigentes terão fala na Assembleia Legislativa. Uma assembleia da categoria estava marcada para a sexta-feira (17), mas deve ser remarcada. “O Governo mostrou que tem dificuldade, mas não descartou mesmo com a dificuldade”, disse esperançoso.