Vale do Ivinhema Agora
Polícia Política

Garagista citado em investigação sobre fraude no Detran-MS é nomeado na Câmara de Ivinhema

Recentemente, esposa de David foi nomeada gerente da agência do Detran-MS no município

Gabriel Maymone
David vai exercer cargo de assessor parlamentar na Câmara de Ivinhema (Reprodução)

Garagista que atua há anos com revenda de carros, David Augusto da Silva Martim dos Santos, foi nomeado assessor parlamentar na Câmara de Ivinhema, município a 248 km de Campo Grande. Ele é citado em depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado) por participar de esquema de fraude na documentação de caminhonete.

Conforme publicado em Diário Oficial, David exercerá cargo em comissão de chefia e assessoramento intermediário e a nomeação é assinada pelo presidente da Casa, vereador Celso Miranda Alves de Souza (PSDB), o Bira.

Ao Jornal Midiamax, Bira explicou que, como presidente, apenas assina o pedido encaminhado por cada vereador para nomeações. No caso de David, a nomeação foi solicitada pelo vereador Vagner Polícia (PSD), que é um dos investigados pela fraude.

A esposa dele, Natália Gouveia Trevizan, foi nomeada no mês passado para o cargo de gerente da agência do (Departamento Estadual de Trânsito de MS) no município.

Os dois são afilhados e amigos pessoais do prefeito Juliano Ferro (PSDB), que teria articulado politicamente as nomeações do casal.

David é casado com Natália Gouveia Trevizan, nomeada mês passado para gerenciar agência do Detran-MS em Ivinhema (Reprodução)

Garagista foi condenado por atirar em casa de rival político de Ferro

Casado com atual gerente de agência do Detran-MS, o garagista David Augusto já foi condenado a 2 anos de prisão no regime aberto por disparo de arma de fogo.

Conforme o inquérito, Juliano Ferro, então vereador na época, emprestou um veículo Pálio para que David fosse ‘dar um susto’ no coordenador de campanha de um rival político na cidade.

Assim, imagens de segurança mostram David dirigindo o veículo, perseguindo o alvo, e, ao chegar em frente à residência da vítima, efetuou disparos no portão da casa, no intuito de intimidá-lo, conforme conclusão da polícia.

Então, foi condenado a dois anos de regime aberto, convertido em pagamento de multa e prestação de serviço comunitário.

À época, Juliano confirmou que emprestou o carro para David, declarando-o como amigo próximo. No entanto, negou que sabia o que o amigo faria com o carro.

Juliano Ferro com o amigo, David Augusto (Reprodução)

Investigação sobre fraude em documentação de caminhonete

Conforme consta nos autos, o veículo estava no nome de Antônio José Rios, que morreu em 2020, na cidade de Goiânia. No entanto, foi parar ‘nas mãos’ do prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), que era visto circulando pela cidade com a caminhonete. Inclusive, postou várias fotos em suas redes sociais ao lado do veículo. Os registros fazem parte de farto material que está anexado ao processo criminal em que Ferro e outras quatro pessoas são investigadas por crimes de falsificação de documento público, uso de documento falso, inserção de dados falsos em sistemas de informação, corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro.

Então, inicia-se uma saga para o grupo ‘esquentar’ o veículo para regularizar a documentação.

Tudo foi investigado pelo Gaeco e contou com participação até de PM que faz a ‘segurança particular’ do prefeito, segundo o relatório.

Grupo falsificou assinatura no Rio Grande do Sul e cooptou servidora do Detran-MS, diz Gaeco

Então, o Gaeco aponta que Juliano Ferro articulou esquema que envolveu até mesmo falsificação de selo de reconhecimento de firma e cooptação de servidora do Detran-MS de Maracaju para conseguir regularizar o veículo que não era seu.

Durante as investigações, todos foram intimados a prestar depoimento. Um dos depoimentos cita que David foi quem levou a caminhonete para fazer a vistoria e teria, inclusive, utilizando a CNH do PM. Tudo estaria esquematizado e a vistoria foi feita sem problemas.

No entanto, David não consta entre os investigados pelo esquema e a participação dele deve ser apurada no decorrer das investigações.

A reportagem entrou em contato com David, que não respondeu aos questionamentos. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

O prefeito Juliano Ferro disse o seguinte: “O que tem a mulher com o cara? A esposa dele é uma profissional. Se o cara está citado ou não eu não tenho conhecimento, nem depus ainda”.

No entanto, documentos anexados ao processo e obtidos pelo Jornal Midiamax mostram que o interrogatório de Juliano Ferro estava marcado para o dia 30 de outubro de 2024 e foi cancelado a pedido do próprio prefeito. Petição do advogado do prefeito afirma que Ferro usaria a prerrogativa de ficar em silêncio e pedia o cancelamento da audiência.

Documento no processo desmente Juliano e confirma que o próprio prefeito é que não quis depor nas investigações

Quanto aos questionamentos se teria pedido para David levar a caminhonete para fazer a transferência ou sobre a fraude, Ferro não respondeu. O espaço segue aberto para posicionamento.

Em relação às investigações, o prefeito diz que possui documento de quitação do veículo, que teria sido comprado antes do antigo proprietário falecer. “Quem não está mais nessa Terra recebeu, tenho papel de quitação, tenho tudo aqui, não precisei fazer fraude de documento”, argumentou.

Questionado sobre a falsificação da assinatura, Ferro afirma que contratou despachante para tratar da transferência. “Procurei em google eu desconheço, contratei despachante para fazer essa transferência. Isso vou dizer em depoimento para a Justiça, então, não procede. Nunca falsifiquei assinatura ou documento, contratei serviço de despachante, se alguém fez alguma coisa não fui eu e sim o despachante.

Por fim, confirmou que seu segurança, o PM Vagner não fez transferência nenhuma. “Eu estava com minha CNH cassada e pedi para colocar o veículo no nome dele. E assim foi feito”, pontuou.

A reportagem também pediu posicionamento para Vagner sobre as investigações, mas não obteve retorno até esta publicação. O espaço segue aberto para manifestação.

Justiça autoriza leiloar caminhonete

Juliano Ferro postou várias fotos com a caminhonete que estava em nome de morto (Reprodução)

Apreendida em outubro do ano passado, a Dodge Ram está recolhida no pátio da Delegacia da Polícia Federal em Dourados foi autorizada pelo juiz Rodrigo Barbosa Sanches a ser leiloada.

O Gaeco pediu autorização para levar o veículo a leilão, já que o bem está se deteriorando no pátio onde está apreendido.

Conforme a investigação do Gaeco, o veículo tinha Antonio José Rios como proprietário e estava sob posse do prefeito. Situação que nem os investigadores sabem dizer: “não se sabendo como o veículo teria ido parar na posse e disponibilidade do investigado Juliano Barros Donato”.

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