Pagamento foi feito em espécie no Parque dos Poderes, aponta investigação do Gaeco e Gecoc
A investigação que resultou na prisão de oito pessoas em operação deflagrada na manhã nesta quarta-feira (29), em Campo Grande, apontou que a servidora estadual Andréa Cristina Souza Lima recebeu propina em espécie, relacionada a formalização de contratos superfaturados para fornecimento de ares-condicionados, no estacionamento da SED (Secretaria Estadual de Educação).
Os equipamentos de climatização de 18 mil Btus foram disponibilizados pela empresa Comercial Isototal Eireli, dos irmãos Lucas Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho Júnior, presos nesta quarta.
A reportagem teve acesso a parte dos autos que tramitam em segredo de Justiça onde a quantia supostamente recebida pela servidora não foi revelada.
Andréa ocupava em 2022, época do suposto superfaturamento, o cargo de direção especial e assessoramento cuja remuneração fixa chega a R$ 9.349,99. Em 1º de janeiro, seu salário saltou para R$ 11.793,20, quando passou a ocupar o cargo de direção gerencial superior (CCA-07) na pasta da Educação, conforme divulgado no Portal da Transparência do Governo de Mato Grosso do Sul.
Além dela, para beneficiar os empresário, o secretário adjunto de Educação, Édio Antônio Resende de Castro Bloch, também teria recebido vantagem em dinheiro. Neste caso, pagamento foi feito à empresa gráfica LGS Garcia Leal, que pertence ao servidor, segundo as apurações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção).
“O pagamento à gráfica foi feito com auxílio do investigado Victor Leite de Andrade, primo de Sérgio e Lucas e gerente do posto de combustíveis Posto América II”, que também pertence aos irmãos, segundo o relatório. No total, a organização criminosa desviou pelo menos R$ 68 milhões dos cofres estaduais.
Entenda o caso – Na manhã de hoje, empresas foram de mandados de alvo de busca e apreensão por contratos firmados com o Governo do Estado até 2022. O Gecoc esteve nas ruas, em operação conjunta com o Gaeco.
Pelo menos três empresas estão sob suspeita, a Maiorca Soluções em Saúde, de propriedade de Sérgio Coutinho Júnior, e a Comercial Isototal Ltda, que tem como dono Lucas Coutinho, conforme dados abertos divulgados no site da Receita Federal, e a Isomed Diagnósticos.
As apurações começaram durante a Operação Parasita, deflagrada no dia 7 de dezembro de 2022. “Dados extraídos dos aparelhos celulares dos investigados Lucas de Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho Júnior, apreendidos por ocasião” direcionaram a atenção do Gaeco e Gecoc para as contratações das empresas da dupla pela administração estadual, conforme trecho da decisão do juiz Eduardo Eugênio Siravegna Junior, que autorizou as prisões e buscas.
Ainda conforme divulgado nesta manhã pelo MP, “Turn Off” faz referência ao “primeiro grande esquema descoberto nas investigações, relativo à aquisição de aparelhos de ar-condicionado e decorre da ideia de ‘desligar’ (fazer cessar) as atividades ilícitas da organização criminosa investigada”.