Em entrevista coletiva, Dom Dimas falou sobre as expectativas para como o novo papa irá conduzir a Igreja Católica em todo o mundo
O arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara (Foto: Madu Livramento, Midiamax)A notícia da eleição do Cardeal Robert Francis Prevost como o novo Papa Leão XIV ecoou com atenção na Arquidiocese de Campo Grande. Dom Dimas Lara Barbosa, Arcebispo Metropolitano, e Dom Vitório Pavanello, Arcebispo Emérito, compartilharam suas primeiras impressões e expectativas sobre o novo pontificado em uma coletiva de imprensa realizada no início da noite desta quinta-feira (8).
Suas palavras revelaram um misto de surpresa, esperança na continuidade do legado de Francisco e uma análise perspicaz dos primeiros sinais emitidos pelo novo líder da Igreja Católica.
Dom Dimas iniciou sua análise destacando a fidelidade de Leão XIV ao pontificado de Francisco. “Fica muito claro que ele é alguém fiel ao pontificado do Papa Francisco. Ele fez questão de deixar isso claro naquele momento”, afirmou o Arcebispo, ressaltando a firmeza doutrinária e de posicionamento do recém-eleito pontífice. A frase “convosco sou cristão, para vós sou bispo” foi apontada por Dom Dimas como um indicativo da capacidade de Leão XIV de equilibrar fraternidade e autoridade em seu novo papel.
Um ponto que gerou entusiasmo em Dom Dimas foi a conclamação do novo Papa à construção de pontes. Ele fez uma clara alusão ao posicionamento do Papa Francisco contra a construção de muros, especialmente no contexto da política imigratória americana. “E ele [o novo Papa], como americano, começa dizendo ‘Vamos construir pontes todos juntos’, celebrou Dom Dimas, vendo nessa fala um prenúncio de continuidade no diálogo e na abertura da Igreja.
A experiência missionária de Dom Prevost como bispo no interior do Peru também foi ressaltada por Dom Dimas como um fator significativo. “E a Igreja é missionária, somos todos missionários. Ele, em primeiríssimo lugar, pode dizer isso, já que foi bispo de uma pequena diocese no interior do Peru”, ponderou, sugerindo que essa vivência trará uma perspectiva valiosa para o seu pontificado.
Nome Leão XIV sugere reformas sociais no catolicismo
Questionado sobre a continuidade do trabalho de aproximação da Igreja com as pessoas, Dom Dimas se mostrou otimista. “Acredito sim. Pelo menos é justamente esse o perfil que ele demonstrou quando estava no Peru e também no Dicastério para os Bispos. Ele é um homem de diálogo, de muita firmeza e de muita discrição. Então, acho sim que ele vai dar continuidade ao pontificado do Papa Francisco.”
A escolha do nome “Leão” despertou uma reflexão histórica em Dom Dimas, que o associou imediatamente a Leão XIII, autor da primeira encíclica social da Igreja. Essa conexão sugere, para o Arcebispo, uma possível ênfase na doutrina social da Igreja durante o pontificado de Leão XIV, seguindo os passos de Francisco. Ele também mencionou a figura de Leão Magno, lembrando seu papel histórico em dissuadir Átila, o Huno, de invadir Roma, evocando uma imagem de liderança e diálogo em momentos desafiadores.
Logo após a fala de Dimas, a comunidade católica de Campo Grande se uniu às 19h, na mesma Catedral Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio de Pádua, em uma Missa Solene em Ação de Graças pelo início do pontificado do Papa Leão XIV.
Bispo emérito cita sucesso de São Francisco
Dom Vitório Pavanello, por sua vez, expressou surpresa com a eleição de Dom Prevost, um norte-americano com uma longa trajetória na América Latina. Ele enfatizou a imersão do novo Papa em “uma região empobrecida, em meio a conflitos e diferenças sociais”, o que, para o Arcebispo Emérito, moldou profundamente sua visão de mundo e sua compreensão da missão da Igreja.
A escolha do nome Leão XIV também foi central na análise de Dom Vitório. “Agora, ele se torna nosso Papa Leão XIV porque quis assimilar toda a doutrina social trazida à Igreja pelo Papa Leão XIII”, explicou, conectando a escolha do nome com uma possível prioridade para as questões sociais e a justiça.
Dom Vitório também traçou uma interessante “coincidência” histórica ao lembrar que, após a morte de São Francisco de Assis, foi um frei chamado Leão quem cuidou de sua ordem. Ele vê na sucessão de Francisco por Leão XIV uma continuidade de que a Igreja deve seguir sua natureza missionária sem se esquecer dos empobrecidos.
