Com 183 hectares, Campus Nova Andradina atende nove municípios da região do Vale do Ivinhema (foto: Divulgação/IFMS)
Projetos de iniciação científica desenvolvidos no IFMS buscam ampliar a produção local por meio da incorporação de ferramentas de inovação tecnológica
O incremento da produção agropecuária tem sido o ponto de partida para várias pesquisas de iniciação científica e tecnológica desenvolvidas no Campus Nova Andradina do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS).
Parte dos cursos ofertados se concentra no eixo tecnológico Recursos Naturais, que abrange as produções animal, vegetal, mineral, aquícola e pesqueira, além da tecnologia de máquinas e implementos. Estruturados e aplicados às necessidades de produção, esses elementos visam à qualidade e sustentabilidade econômica, ambiental e social.
Dessa forma, as pesquisas desenvolvidas por estudantes e docentes do campus combinam diferentes elementos presentes nos cursos técnicos em Agropecuária (integrado) e Zootecnia (subsequente), além das graduações em Agronomia (bacharelado) e Produção de Grãos (tecnologia), atendendo à demanda regional do setor agropecuário.
O fato de também ofertar cursos do eixo tecnológico Informação e Comunicação – casos do técnico integrado em Informática e da graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas – permite ainda que os projetos incorporem o uso de tecnologias para o aprimoramento dos estudos.
Produtividade – Uma das pesquisas desenvolvidas durante o ciclo 2018-2019 da Iniciação Científica e Tecnológica do IFMS era referente à produção de amendoim no Vale do Ivinhema, região de abrangência do campus.
Intitulado “População fitopatogênica em sementes de cultivares de amendoim e uso de ozônio como método de controle físico”, o estudo se concentrou na identificação e controle, por meio da exposição ao ozônio, das doenças que atacam as sementes de amendoim nas variedades plantadas na região.
Atualmente, o amendoim é a 4ª oleaginosa (vegetal que possui óleos e gorduras passíveis de serem extraídos) mais produzida no mundo. No Brasil, a safra 2016/2017 alcançou 438 mil toneladas. A demanda crescente nas últimas décadas, em virtude dos produtos e derivados disponíveis no mercado, aumentou a preocupação com a produtividade.
“O amendoim é uma cultura de alta demanda de produtos, no entanto é alvo constante do ataque de fitopatógenos em sementes. Devido ao potencial de controle de micro-organismos do ozônio, justifica-se verificar as consequências do seu uso sobre a patologia e o potencial fisiológico das sementes”, comenta o coordenador da pesquisa, Denis da Costa, professor de Ciências Agrárias e coordenador do curso superior de tecnologia em Produção de Grãos.
“Com a participação no projeto adotei rotinas relacionadas ao cumprimento de horários e tempo de permanência em laboratório. A apresentação suscitou questões para o estudo. Como pretendo seguir na carreira acadêmica, foi uma experiência muito importante”, comenta a estudante Izamara Machado.
A pesquisa contou também com a participação de outro docente de Ciências Agrárias, Francisco José Gonçalves, e mais três estudantes bolsistas, Nataly Silva, Luiz Inácio e Izamara Machado, do 8º semestre de Agronomia, que apresentaram parte do trabalho desenvolvido na edição 2019 do Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica do IFMS (Semict), realizado em Campo Grande, no mês de passado.
“Com a participação no projeto, adotei rotinas relacionadas ao cumprimento de horários para desenvolvimento da pesquisa e tempo de permanência em laboratório. A apresentação do trabalho também suscitou questões para o estudo. Como pretendo seguir na carreira acadêmica, foi uma experiência muito importante”, comenta Izamara.
Inovação tecnológica – Outra pesquisa desenvolvida no Campus Nova Andradina durante o último ciclo da iniciação científica no IFMS dedicou-se à conservação dos recursos naturais aliada ao aumento da produtividade agropecuária por meio da inovação tecnológica.
Com o título “Tecnologias aplicadas ao monitoramento da qualidade físico-química do solo”, o projeto se concentrou na possibilidade de avaliação dos atributos físicos e químicos do solo por meio da construção e calibração de protótipos a partir da plataforma de prototipagem eletrônica de hardware livre Arduíno.
As atividades foram divididas de forma a desenvolver um fotômetro (aparelho que mede a intensidade da luz) para o monitoramento de matéria orgânica presente no solo, além de um sistema automático para controlar a temperatura e o teor de água no solo.
Por fim, a pesquisa visava a construção de um sistema automatizado para a determinação da taxa de gás carbônico, emitido para atmosfera durante o processo de decomposição dos restos depositados sobre o solo.
O responsável pelo projeto, Wagner Henrique Moreira, docente de Ciências Agrárias e coordenador de Pesquisa e Inovação do campus, destaca que algumas metodologias permitem acompanhar a dinâmica da matéria orgânica do solo em função da umidade, temperatura, teor de água e emissão de gás carbônico.
“Porém, tais metodologias exigem procedimentos e análises que só são possíveis em laboratórios, tornando-as custosas, além de exigir tempo considerável para sua execução. Nesse contexto, buscamos viabilizar formas alternativas de quantificar esses atributos”, explica Wagner.
Integração – A pesquisa contou ainda com a participação do professor de Física do IFMS, Fernando da Conceição. Devido ao caráter multidisciplinar, atuaram como bolsistas acadêmicos de diferentes cursos da unidade.
Um deles foi Carlos Henrique da Costa, do 4º semestre da graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. O trabalho “Desenvolvimento e otimização de um fotometro para o monitoramento de matéria orgânica presente do solo”, produzido como parte do projeto de pesquisa, foi apresentado no Semict e ficou com o 1º lugar do evento.
Carlos, que há dois anos concluiu o curso técnico integrado em Informática, ressalta como a experiência da pesquisa no ensino médio o auxiliou nas atividades do projeto.
“Trata-se de um aprofundamento das pesquisas que iniciei no ensino integrado. Com isso, consegui obter resultados melhores e mais satisfatórios daquilo que já havia sido feito anteriormente. A pesquisa desde o ensino médio foi enriquecedora para os conhecimentos que utilizo na graduação”, disse Carlos.
“Trata-se de um aprofundamento das pesquisas que iniciei no técnico integrado. A pesquisa desde o ensino médio foi enriquecedora para os conhecimentos que utilizo na graduação”, disse Carlos.
Os outros dois bolsistas, Igor Dantas e Jean Araújo, cursam Agronomia. Igor, do 6º semestre, comenta a importância das ferramentas voltadas à inovação tecnológica no desenvolvimento do projeto. “Com o passar do tempo, a agricultura está ficando mais tecnológica. Por isso é necessário vislumbrar maneiras de utilizar essas inovações, ampliando a produtividade sem deixarmos de lado o aspecto sustentável”.
Com atividades nos laboratórios e áreas experimentais do campus, ambos projetos foram contemplado com bolsas de iniciação científica e ainda receberam recursos para o custeio de despesas.
A duas pesquisas desenvolvidas em Nova Andradina terão continuidade no ciclo 2019-2020, sendo mais uma vez contempladas com bolsas de iniciação científica.
Investimentos – No ciclo 2018-2019 foram investidos R$ 86 mil nos projetos do Campus Nova Andradina, em recursos próprios do IFMS e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No total, 23 estudantes foram contemplados com bolsas de iniciação científica.
Desde 2014, foram desenvolvidos no campus 48 projetos de iniciação científica, que envolveram 128 estudantes entre bolsistas e voluntários. No mesmo período, os projetos da unidade receberam R$ 11,3 mil como apoio e incentivo à pesquisa e inovação, para o custeio de despesas com os projetos.
Feiras – As últimas cinco edições da Feira de Ciência e Tecnologia de Nova Andradina (Fecinova) reuniu 341 trabalhos de estudantes do ensino fundamental, médio e técnico integrado, de escolas públicas e privadas, de Nova Andradina e de municípios do entorno, que fazem parte da área de abrangência do campus do IFMS.
As inscrições para a edição 2019 seguem abertas. O evento é destinado a estudantes das escolas de Anaurilândia, Angélica, Bataguassu, Batayporã, Ivinhema, Nova Andradina, Novo Horizonte e Taquarussu e será realizado nos dias 1º e 2 de outubro, no Tatersal de Leilões.
Desde 2014, outros 40 trabalhos do Campus Nova Andradina do IFMS foram apresentados no Semict, espaço destinado aos projetos de iniciação científica desenvolvidos por estudantes da graduação da instituição.
As pesquisas desenvolvidas por estudantes e docentes da unidade nos últimos cinco anos acumulam 34 participações e 29 prêmios em eventos estaduais, nacionais e internacionais, como a Feira de Tecnologias, Ciências e Engenharias de MS (FetecMS), Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec) e Feira Internacional de Ciências e Engenharia (Intel/ISEF).
No mesmo período, 41 estudantes do IFMS em Nova Andradina receberam apoio institucional para participar de eventos.