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Polícia Federal apura corrupção e tráfico de drogas em Ivinhema

Possível superfaturamento na compra da merenda gerou devassa na prefeitura do “mais louco do Brasil”

 

Eduardo Miranda/Correio do Estado

Polícia Federal apura corrupção e tráfico de drogas em Ivinhema

Polícia Federal apura corrupção e tráfico de drogas em Ivinhema – Foto: Reprodução

A cidade de Ivinhema, distante 289 km da Capital, tem dado bastante trabalho para a Polícia Federal (PF) nos últimos 90 dias.

O principal órgão de investigação do País tem a cidade como foco de pelo menos dois inquéritos: um que apura o superfaturamento na compra de merenda escolar por parte da administração de Juliano Ferro (PSDB), que se autoproclama nas redes sociais como o prefeito “mais louco do Brasil”, e outro contra uma quadrilha de traficantes de maconha que, indiretamente, respinga nele, resultando na apreensão da casa em que Ferro mora e da caminhonete importada que ele usou durante a campanha eleitoral.

Ontem, mais um capítulo dessas investigações foi escrito. Agentes da PF realizaram diligências na prefeitura, para a qual Juliano Ferro foi reeleito no início deste mês. O objetivo foi colher mais informações em um inquérito que teve início em uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU).

Superfaturamento de merenda em ivinhema

Corrupção

O conteúdo da auditoria, publicado em primeira mão pelo Correio do Estado, revelou um superfaturamento de R$ 224.955,00 na compra de merenda para as escolas públicas com recursos federais provenientes do Fundo Nacional para a Alimentação Escolar (Fnae) – e os agentes federais pretendem comprovar in loco a informação constatada pelos auditores.

Somente na compra de carne bovina para a merenda da cidade, o superfaturamento teria sido de R$ 98,19 mil. Segundo a investigação, enquanto os supermercados da cidade cobravam em média, em 2022, R$ 33,99 por quilo da carne bovina, a prefeitura pagava a um dos fornecedores R$ 44,90/kg.

Como foram comprados 9 mil quilos de carne, o superfaturamento chegou a R$ 98 mil. Já na compra de pão francês o sobrepreço foi de R$ 61,4 mil, além de outros R$ 17,4 mil superfaturados de leite pasteurizado, R$ 15,3 mil de cenoura e R$ 12,4 mil de óleo de soja.

A mesma auditoria da CGU – e que agora serve de base para a investigação da PF – também indicou um favorecimento a uma empresa que omitiu o seu faturamento milionário para concorrer com microempresas, burlando assim o edital, o qual, segundo os auditores, já havia sido considerado muito restritivo.

Ao inspecionar os contratos da prefeitura, a CGU percebeu que a empresa C. E. G. de Matos Eireli declarou ser uma microempresa e informou ter movimentado R$ 360 mil nos documentos anexados ao processo licitatório para a contratação de merenda, realizado no início de 2022.

No entanto, a empresa auferiu em 2021 um total de R$ 1,76 milhão em receita, valor muito superior ao limite de R$ 360 mil para ser considerada uma microempresa. Além disso, em 2022, a C. E. G. de Matos Eireli obteve receitas de R$ 1,07 milhão.

“Dessa forma, a empresa obteve vantagem em relação às demais concorrentes, ao declarar seu enquadramento como microempresa”, apontam os auditores da CGU.

Tráfico

A PF também investiga uma rede de traficantes de drogas, principalmente de maconha, que tem a cidade de Ivinhema como um de seus quartéis-generais.

Já houve duas ações contra a mesma quadrilha na cidade: a Operação Lepidosiren, desencadeada no dia 8/8, e a Operação Defray, em 15/10. Em ambas, após ter sido decretada a prisão de pessoas envolvidas com a quadrilha, houve impactos na imagem do prefeito Juliano Ferro.

A casa em que ele mora foi apreendida pela Justiça em agosto. Mais recentemente, neste mês, a caminhonete que ele usava – uma Chevrolet Silverado avaliada em mais de R$ 500 mil – também foi apreendida.

Tanto a residência quanto o veículo de luxo do prefeito foram adquiridos de Luiz Carlos Honório, preso em 8/8 acusado de envolvimento com o narcotráfico. A casa, oficialmente avaliada em R$ 750 mil, foi comprada em 2021, mas até agora não havia sido definitivamente registrada em nome do prefeito, razão pela qual foi apreendida.

Já a caminhonete foi adquirida em janeiro e não havia sido quitada. À PF, o prefeito informou que deu um veículo Troller de cerca de R$ 140 mil e um cheque de R$ 380 mil que seria liquidado entre dezembro deste ano ou janeiro de 2025.

Com relação ao dinheiro para quitar esse cheque, segundo Honório, o prefeito conseguiria com a venda de rifas. Atualmente, o “mais louco do Brasil” está de fato vendendo rifas para sortear um Landau considerado relíquia.

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