Ruralistas cercaram o território retomado de Panambi – Lagoa Rica, em Douradina, a 192 quilômetros de Campo Grande, em nova ameaça ao povo Guarani Kaiowá. Na noite de segunda-feira (22), um grupo cercou o espaço com caminhonetes e registrou um vídeo, intimidando os indígenas.

Um dos integrantes mostra o cenário e revela a intenção de conflito, divulgada pela Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani. “Todo mundo se posicionando. Daqui a uma meia hora o ‘bambu vai envergar’. Todo mundo se organizando para o grande conflito. Todo mundo organizado, a tropa de choque”, dizem as pessoas nas imagens.

No domingo (21), a Aty Guasu denunciou fazendeiros que atacaram famílias indígenas e roubaram utensílios e objetos. “Estão destruindo ilegalmente barracas e promovendo genocídio na retomada Panambi, Douradina. Fazendeiros roubaram nossas terras, roubam nossos objetos e utensílios. Queremos justiça”.

Conflitos intensificados

Desde o dia 13 de julho, a região enfrenta novos conflitos, com indígenas feridos a tiros, incluindo um cacique de 52 anos.

O Cimi (Conselho Indígena Missionário) revela que indígenas foram baleados, outros ficaram por horas desaparecidos e mesmo com a presença de autoridades federais, os criminosos não se intimidaram e deram continuidade a uma ofensiva violenta contra as comunidades iniciadas há pelo menos uma semana.

“As cinco retomadas da região de Douradina, circunscritas à Terra Indígena Lagoa Rica Panambi, seguem sendo acossadas por capangas armados desde a manhã deste sábado (20). Em campo aberto, quase uma dezena de caminhonetes se posicionou trazendo homens nas caçambas, que rapidamente se espalharam em um perímetro ofensivo ao grupo Guarani Kaiowá”.

O Conselho menciona que a Força Nacional de Segurança está no local, além da Polícia Militar, entretanto, a lideranças da Aty Guasu, a Grande Assembleia Guarani Kaiowá, afirmam que a presença da PM é uma estratégia para a “promoção de despejos forçados”.

“Desconsiderando processo em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF), um helicóptero e camburões da Polícia Militar (PM) chegaram ao local. No âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 1059, a Corte Suprema analisa pedido para proibir a polícia estadual de intervir em conflitos entre indígenas e proprietários rurais no Mato Grosso do Sul”.

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