Primeiros encontros ocorreram no início do ano, antes da pandemia do novo coronavírus – Foto: Campus Nova Andradina
Iniciativa atende o assentamento Santa Olga, que fica no município, com foco na organização das participantes e valorização
No intuito de valorizar a participação feminina no meio rural, o Campus Nova Andradina do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) realiza desde o início do ano o projeto de extensão “Mulheres do assentamento Santa Olga: organização social e diversificação de renda”.
“Algumas mulheres no assentamento já desenvolviam atividades econômicas, como artesanato e produção de doces caseiros. Surgiu daí a proposta voltada à autogestão delas”, explica Yasmine Theodoro, uma das coordenadoras do projeto.
Promovido inicialmente dentro do edital de fluxo contínuo da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), a iniciativa foi contemplada no edital n° 26/2020 – destinado à seleção de propostas de extensão, com concessão de bolsas estudantis e auxílio financeiro –, e a partir de julho deste ano passou a contar a fomento institucional.
Tendo como parceira a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), o projeto atende 14 mulheres, com idades entre 22 e 61 anos, do assentamento, que fica em Nova Andradina. O objetivo é apresentar estratégias coletivas para constituição de um grupo auto-organizado pelas participantes, voltado à valorização do trabalho delas.
O ponto de partida foi a invisibilidade feminina no meio rural, já que as mulheres não têm reconhecida a participação no trabalho e na geração de renda da família. Diante desse contexto, o foco do projeto é fornecer instrumentos para a autonomia e a participação das mulheres na comunidade, com base no cooperativismo e empreendedorismo.
Ações – O projeto é coordenado pelas docentes do campus, Karina Ducatti e Yasmine Theodoro, de Agronomia e Sociologia, respectivamente.
“No segundo semestre de 2019, na disciplina de Sociologia Rural, os estudantes tiveram um trabalho voltado à produção da história oral do assentamento. Muitos tiveram contato com um público que não conheciam, como pequenos produtores e campesinato. Lá também encontramos algumas mulheres que desenvolviam atividades econômicas, como artesanato e produção de doces caseiros. Surgiu daí a proposta voltada à autogestão delas”, explica Yasmine.
Com ênfase na organização do coletivo, as participantes receberam materiais e tiveram um curso de artesanato ministrado virtualmente, por conta da pandemia do novo coronavírus, pela assistente social da Agraer, Mayara Bordelli.
A apresentação do grupo na internet também tem recebido atenção, com a a criação de conteúdo para um site próprio e para as redes sociais. O nome do coletivo já está definido: “Santa Olga: Mulheres em Ação” (SOMA). A logomarca do grupo está em desenvolvimento.
Estão previstos ainda encontros para tratar de temas como cooperativismo, sindicalismo, autogestão e economia solidária, além de cursos voltados à produção de sabonete e gestão de redes sociais.
“Não conhecia os conteúdos dos cursos, cada atividade é uma experiência nova. Tem sido bem produtivo, graças também à atenção que recebemos da equipe”, comenta Luzia Gouveia, 53, uma das 14 integrantes do coletivo do assentamento.
Oportunidade – O projeto tem se mostrado como uma experiência inédita para as participantes, tanto do ponto de vista dos conhecimentos apresentados quanto do incentivo à autogestão.
“Não conhecia os conteúdos dos cursos, cada atividade é uma experiência nova. Tem sido bem produtivo, graças também à atenção que recebemos da equipe”, comenta Luzia Gouveia, 53, uma das integrantes do coletivo.
Além das docentes, a iniciativa tem também a participação de cinco estudantes dos cursos técnico integrado em Informática e da graduação em Agronomia, sendo três deles bolsistas.
A acadêmica Maria Rita Breve, 19, do 4° semestre de Agronomia, é bolsista do projeto. Entre as atividades desenvolvidas estão a produção de vídeos a serem disponibilizados às participantes, montagem dos kits de artesanato, disponibilização de conteúdos nas redes sociais, criação do site do coletivo e entrevistas com as participantes.
“Com as atividades do projeto passei a conhecer a história de vida de cada uma delas. Desde a disciplina de Sociologia Rural, eu já me interessava pelo assunto, então logo surgiu a oportunidade de participar. Temos dado suporte no sentido de melhorar o que é produzido por elas e também buscaremos auxiliar no processo de comercialização”, relata.
O projeto segue com atividades a distância. A previsão é de que as atividades sejam concluídas em dezembro.