Vale do Ivinhema Agora
Região

ANTT abre novo edital de contrato de concessão da BR-163 após problemas com a CCR MSVia

Leilão para reestruturação do contrato prevê participação de outras empresas. Investimentos devem ser de R$ 2 bi apenas nos primeiros três anos

 

Osvaldo Sato –

CCR MSVia não cumpriu com todas as duplicações previstas no contrato de concessão (Foto: Divulgação, CCR-MSVia)

A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) autorizou a publicação do edital de reestruturação do contrato de concessão da BR-163/MS. Isso ocorre após problemas com a CCR MSVia, atual responsável pela manutenção da rodovia.

Com um investimento total estimado em mais de R$ 17 bilhões ao longo de 29 anos, a reestruturação promete ampliação da capacidade de tráfego e melhorias significativas na segurança. O projeto prevê a duplicação de 203 km de estrada, a construção de 147,77 km de faixas adicionais e a implementação de 28,82 km de contornos, além de melhorias no traçado de 22,99 km de vias marginais.

Além disso, prevê a construção de 99 viadutos, 22 passarelas, 144 pontos de ônibus e 56 passagens de fauna, medidas que visam aumentar a segurança e o conforto dos motoristas e passageiros. Para os caminhoneiros, o projeto inclui a criação de três Pontos de Parada e Descanso, essenciais para a segurança nas viagens de longas distâncias.

O novo modelo de concessão, que substituirá o contrato da MSVia, concessionária atual da rodovia, foi desenvolvido após dificuldades financeiras enfrentadas pela empresa, que não conseguiu cumprir as exigências do contrato original. A solução encontrada pela ANTT e pelo Ministério dos Transportes, com o apoio do Tribunal de Contas da União (TCU), foi um reequilíbrio contratual, que permitirá o avanço das obras sem a necessidade de um processo de relicitação, o que poderia atrasar ainda mais as melhorias.

Entre os benefícios mais destacados está a revisão das tarifas de pedágio, que serão ajustadas ao longo do tempo, mas com a garantia de que os aumentos ocorrerão apenas após a execução das obras, vinculando diretamente os reajustes às melhorias reais na rodovia. Além disso, os motoristas terão acesso a descontos de 5% no pedágio para veículos com TAG, isenção para motociclistas e descontos progressivos para aqueles que utilizam o trecho com frequência, especialmente os motoristas que percorrem a rodovia diariamente.

Entretanto, no processo de reestruturação, outras empresas poderão participar do processo e pleitear a concessão para si, em leilão marcado para 22 de maio, na B3, em São Paulo. O leilão será competitivo, permitindo a participação de outras empresas além da atual controladora, a MSVia, que poderá continuar no comando da concessão, caso seja a vencedora do certame.

A ANTT espera que, com essa medida, mais investimentos sejam realizados na rodovia, beneficiando a todos que dependem da BR-163/MS para transporte de mercadorias e deslocamentos no Centro-Oeste do Brasil. Para isso, a expectativa é que as obras prioritárias, nos primeiros três anos de contrato, recebam um investimento de R$ 2,06 bilhões.

Após pedidos por relicitação, TCU determinou repactuação

A CCR MSVia é a concessionária responsável pela gestão dos 845 km da BR-163 em Mato Grosso do Sul, um dos principais eixos logísticos do Estado. Em 2014, a rodovia foi concedida à empresa, que assumiu a responsabilidade de duplicar a via e implementar melhorias, com a promessa de investimentos e de uma gestão eficiente. No entanto, ao longo dos 10 anos de concessão, a duplicação de apenas 150 km gerou insatisfações, especialmente considerando o crescimento exponencial do tráfego e o aumento do número de acidentes e mortes.

A CCR MSVia, durante esse período, alegou dificuldades financeiras para cumprir as metas de duplicação, apesar dos elevados valores arrecadados com pedágios. Em resposta a essas dificuldades, a concessionária solicitou a relicitação do contrato, ou seja, a devolução amigável da concessão ao governo. A solicitação foi analisada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), que, após uma série de discussões, determinou uma repactuação do contrato, estendendo o prazo de concessão por mais 30 anos. Esse novo acordo obrigou a CCR MSVia a realizar investimentos mais elevados, estimados em R$ 9,3 bilhões, além de antecipar as obras de duplicação para serem concluídas em cinco anos, muito antes do prazo inicial.

A repactuação foi criticada por diversos setores, especialmente o setor de transporte rodoviário, que apontou a falta de cumprimento das promessas de duplicação como um dos principais problemas da rodovia. A rodovia BR-163, conhecida como “rodovia da morte” devido ao alto número de acidentes fatais, se tornou um ponto de tensão entre a concessionária e a sociedade. A reclamação do setor de transportes é que, apesar da cobrança de pedágios elevados, os investimentos não refletem na melhoria da infraestrutura.

A repactuação também estabeleceu que o preço do pedágio só poderá atingir o teto de R$ 15 por praça se a CCR MSVia cumprir com a duplicação da rodovia. Ou seja, a elevação dos valores de pedágio está diretamente vinculada à entrega das obras, o que coloca uma pressão adicional sobre a concessionária para garantir que os compromissos sejam cumpridos.

Related posts

Chuva pesada represou enxurrada na Avenida Antônio Spinosa Mustafá em Batayporã

Anaurelino Ramos

Piloto morto em acidente de avião se preparava para pousar

Anaurelino Ramos

Obras da Lagoa do Sapo avançam e chegam à área urbana de Batayporã

Anaurelino Ramos

Deixe um Comentário