Em audiência pública, especialistas tendenciam em adiar o retorno do presencial
Em audiência pública virtual, a vice-presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (FETEMS), Suely Veiga Melo, afirmou que o retorno às aulas presenciais seria precoce e desnecessário com a aproximação do fim do ano letivo.
“A pandemia não está controlada, não há segurança para um retorno das atividades. Já estamos no terceiro bimestre, já ficamos sem aula até agora. Só faltam dois meses para terminar o ano letivo, então não tem grande eficiência”, explicou Melo.
A vice-presidente sugeriu também que seja formulada uma carta direcionada aos órgãos estaduais com recomendação para que as aulas remotas sejam mantidas até o final do ano.
“Ao contrário do que o presidente disse nós queremos sim voltar às aulas, mas quando tivermos segurança para esse retorno”.
O presidente do Sindicato campo-grandense dos Profissionais da Educação (ACPMS), Lucílio Souza Nobre, defendeu que o retorno presencial não é adequado, incluindo o retorno híbrido, onde apenas uma parcela dos alunos voltam às atividades presenciais.
“O transporte coletivo é o segundo maior ponto de contágio, então imagina colocar alunos e professores nessa situação. Imagina ter que atender aqueles que retornam e os que não podem retornar ao mesmo tempo”.
De acordo com a secretária Municipal de Educação, Elza Fernandes, há um plano de biossegurança sendo produzido com base nas taxas de contaminação, na organização pedagógica e nos aspectos emocionais dos alunos e professoras.
No entanto, a rede municipal não está preparada para a volta às aulas. “Não iremos conseguir recuperar esse conteúdo com o pouco tempo que temos para o fim do ano letivo”.
Já o superintendente de política educacional da Secretaria de Estado de Educação, Hélio Queiroz, explicou que o planejamento e preparação da rede estadual para retorno é feito desde o início da pandemia e que não há um período determinado para a volta às atividades presenciais.
Segundo Queiroz, se houver retorno, apenas alunos do terceiro ano do ensino médio seriam considerados, já que se trata de um grupo que não permanecerá na rede de ensino no próximo ano.
“O retorno não impacta só a escola, gera uma série de impactos em toda cidade. Vai colocar uma série de pessoas em trânsito novamente. O impacto que um retorno pode causar em tudo o que a prefeitura vem fazendo para diminuir os impactos da pandemia é grande”, ressalta o secretário.
PAIS E ESTUDANTES
O aluno do ensino médio do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Natanael Ribeiro, relatou que a migração de alunos e professores para o ensino remoto resultou em problemas de contato, sobrecarga de atividades e em um grande impacto na aprendizagem.
No entanto, muitos alunos se preocupam em transmitir o Coronavírus para parentes que estão no grupo de risco e apoiam a volta apenas para 2021.
“Será que todas as instituições do ensino público terão recursos para que o retorno seja feito com segurança? Eu posso não contrair o vírus na escola, mas durante o trajeto. Qual a finalidade de preparar as escolas nesse final de ano e logo mais dispensá-los com o final do ano letivo”, disse.
Sandra Rosa, mãe de aluna da Rede Municipal de Ensino, relata que mesmo com dificuldade em lidar com o ensino remoto, o retorno das aulas presenciais colocariam em risco a vida de muitas famílias que podem contrair a Covid-19 através dos adolescentes que estarão em contato direto com outros alunos e professores.