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Região Saúde

Com falta de EPIs, Estado apela para produção própria e doações

Em Campo Grande, voluntários ajudam a fabricar 2 mil unidades diárias

Por: Correio do Estado

Sem equipamentos de proteção individual (EPIs) suficientes para todos os profissionais da saúde que atuam no Hospital Regional (HRMS), que é referência em Mato Grosso do Sul no atendimento a pacientes com Covid-19 (doença provocada pelo novo coronavírus), várias frentes de produção estão sendo mantidas para garantir o abastecimento dos itens nos hospitais do Estado.

A falta de EPIs é ventilada desde o início das ações para conter a pandemia do novo coronavírus em MS e em Campo Grande, onde os primeiros casos foram confirmados no dia 14 de março. Porém, só agora a Secretária de Estado de Saúde (SES) confirma o problema.

“Esta semana chegam alguns insumos e EPIs, que estão acabando. A gente precisou começar a produzir, porque o que temos é insuficiente. Sabemos que o Ministério da Saúde deveria receber até hoje [segunda-feira] 500 mil kits de EPIs adquiridos da China; precisamos saber quantos virão para o Estado”, explicou o titular da SES, Geraldo Resende.

A diretora-presidente do HRMS, Rosana Leite de Melo, também confirmou o problema e esclareceu sobre os três principais itens em falta para proteção dos profissionais da saúde. “Realmente os EPIs não são suficientes. Principalmente as máscaras cirúrgicas e n95 [indicada para uso em ambiente hospitalar] e os aventais impermeáveis”.

A diretora informou que os demais itens de proteção, como óculos, protetor facial, aventais permeáveis e gorros, além de outros artigos, não estão em falta. “Estamos recebendo doações. Se alguém conseguiu comprar e quer doar, pode entregar no hospital. Além disso, estamos com parcerias com confecções e a Agepen [Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário, responsável pelos presídios de MS]”, disse Rosana.

Por conta das ações preventivas da SES, já antevendo pico de contaminação em 40 dias, e ainda a necessidade de leitos para pacientes graves nos próximos meses, o HRMS conseguiu diminuir a lotação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Com 39 leitos, apenas 15 estão ocupados atualmente, e cinco pacientes estão com suspeita de coronavírus.

“Tratamos toda infecção respiratória como caso suspeito. Os exames demoram entre 48 e 72 horas para ficarem prontos. Se for inconclusivo, o material vai para o Adolf Lutz [laboratório referência nos testes de coronavírus, localizado em São Paulo]. Conseguimos esvaziar o hospital, para que caso haja necessidade a gente tenha o leito para o paciente grave. Além disso, na próxima semana devemos ter mais dez leitos disponíveis de UTI. Os equipamentos estão chegando do Ministério da Saúde. Se precisar, temos espaço físico para mais leitos, mas precisa de ventiladores adequados”, afirmou a diretora.

CAMPO GRANDE

Para dar conta da demanda, além da aquisição e da espera por envio de kits da União, também foram mobilizadas outras frentes de trabalho que confeccionam os itens de segurança para os profissionais da saúde.

Uma das frentes de produção é na Subsecretaria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon municipal), em Campo Grande. No local, 50 voluntários se revesam para confeccionar entre 1 mil e 2 mil itens de proteção individual – máscaras e aventais.

Porém, a quantidade ainda é menor do que a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) precisa diariamente, chegando a 9 mil unidades. Com a demanda muito maior do que a capacidade de produção e de aquisição, a confecção improvisada com ajuda de voluntários no auditório do Procon da Capital deve aumentar a fabricação para 6 a 7 mil unidades diárias a partir de amanhã. A estimativa é de que as toucas também sejam fabricadas no local já nesta quarta-feira (1° de abril).

“Diariamente, remetemos um lote para a Sesau de 1 mil a 2 mil máscaras. São 50 pessoas, trabalhando conforme a disponibilidade de cada uma. Tem quem trabalhe o dia inteiro e de manhã, tarde e noite. Sábado e domingo também, mas só de manhã”, explica a diretora da Associação de Capacitação e Instrução de Economia Solidária do Povo (Aciesp), Ceurecy Santiago Ramos.

Com os maquinários da ONG e mão de obra também dos funcionários, a produção no local começou na quarta-feira (25). A Secretaria de Saúde faz a distribuição para os postos que necessitam. “Vai tanto para os profissionais quanto para os pacientes”, afirma Valdir Custódio, subsecretário do Procon.

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