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Grampos revelam que Cezário causava irritação geral por privilegiar o Operário

Aparecido Alves Pereira, o Cido, revelou em ligações que tio usava a influência para favorecer time da Capital

 

Por Jhefferson Gamarra | Campo Grande News

 

Em meio à Operação Cartão Vermelho, novas revelações emergem das interceptações telefônicas realizadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), envolvendo Aparecido Alves Pereira, conhecido como “Cido”, sobrinho de Francisco Cezário, presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul). As conversas, revelam divergências internas e acusações de favorecimento dentro da Federação.

Em diálogos com o ex-presidente do SERC, João Félix Marinho, falecido em 2023, Cido expressa sua frustração com as ações do presidente da FFMS, acusando de utilizar sua influência, inclusive na CBF (Confederação Brasileira de Futebol), para beneficiar exclusivamente o Operário Futebol Clube. Em uma das interceptações, Cido desabafa sobre o favoritismo do tio: “Ele brigou como diretor, com o diretor de competições da CBF por causa da logística que fizeram pro Operário jogar na Copa Verde”.

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Trecho da interceptação do Gaeco que demonstra Cido irritado com o favorecimento de Cezário (Imagem: Reprodução)

Cido menciona ainda que outros clubes, como Aquidauanense, Costa Rica e Águia Negra, nunca receberam o mesmo nível de atenção. “A Copa Verde já jogou o Aquidauanense, já jogou o Águia Negra, já jogou um monte de time, o Costa Rica, ele nunca ligou perguntando: ‘Do que que vocês vão, como é que vocês vão?’ O Operário, cara do céu, mudou toda a logística da Dallas Turismo, toda, toda!”.

A tensão crescente dentro da FFMS destaca um ambiente de insatisfação com o favorecimento, onde Cido teria questionado as decisões do presidente: “Eu falei: ‘Cezário, o Costa Rica saiu de Costa Rica e foi a Cuiabá de ônibus, quinhentos e poucos quilômetros, foi de ônibus, Cezário. Agora, qual o problema do Operário descer numa cidade e andar 260 km pra outra cidade?”, revelou Cido no telefonema com o falecido presidente do Serc.

A transcrição detalhada das conversas evidencia a insatisfação de Cido e demais membros da federação com as atitudes tomadas por Cezário. “Ele ainda querer puxar saco do Operário… Eu vou dizer uma coisa pra você, lá na Federação, está todo mundo irritado, até o Beto [outro sobrinho de Cezário]. Cara, está chegando ao extremo de se irritar com o Cezário por causa desse Operário”, comentou.

Os áudios capturados revelam também um esquema de “rachadinhas” envolvendo diárias de hotéis pagas pelo Governo do Estado, mas não utilizadas pelos clubes. No dia 9 de fevereiro de 2023, em conversa com João Felix, Cido discute a estratégia para recuperar os valores das diárias não utilizadas: “O hotel não devolver pra você Cido. Briga no hotel e fala assim: Essa diária é da Federação.”

A operação revelou que o governo pagava duas diárias no valor de R$ 120,00 cada para 25 integrantes dos times de futebol, totalizando R$ 6.000,00. No entanto, em casos onde as diárias não eram utilizadas, os valores eram devolvidos a Cido, que instruía os funcionários dos hotéis a devolverem o dinheiro diretamente.

Aparecido relatou a Felix um incidente em que Cezário questionou as diárias do Operário em Coxim, situação em que aparentemente “melou” o esquema de rachadinha devido ao horário em que a delegação do time de Campo Grande deixou o hotel. “Eu falei: Não faz, Cezário, sabe por quê? O senhor Operário saiu do hotel às 14 horas… depois de meio-dia corre a segunda diária”, revelou.

Outro lado – O advogado André Borges, responsável pela defesa de Cezário, afirma que só comentará o conteúdo da denúncia depois que seu cliente for notificado formalmente. A preocupação agora é com a saúde do presidente afastado da FFMS, que deixou a cadeia nesta quarta-feira (5) para passar por um cateterismo hoje no Hospital da Cassems, em Campo Grande.

“Francisco Cezário agora cuidará da saúde e da defesa que apresentará à boa justiça estadual”, afirmou a defesa em nota enviada ao Campo Grande News nesta manhã.

Em depoimento ao Gaeco, Aparecido informou ser agente de jogadores. “Meu cliente Aparecido presta serviço dentro da federação, inclusive de organização de jogos junto à Fundesporte, além de ajudar times que às vezes não têm um dirigente, que não têm condições de trabalhar junto ao sistema da CBF [Confederação Brasileira de Futebol]. O Cezário delega isso para o Aparecido”, explicou o advogado Júlio Cesar Marques, no dia 28 de maio.

O defensor afirmou ainda que como “prestador de serviço”, Cido recebe R$ 3 mil mensais da FFMS. “Ele ganha também para fazer a organização documental para as prestações de contas para a Fundesporte. Ele é o responsável por fazer a organização e orçamentos das hospedagens e alimentação para clubes no interior, porque a federação tem uma parceria, que é documentada, para dar suporte para os times”. – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

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