Venda da antiga Prefeitura colaborou para impulsionar o desaparecimento de um dos mais importantes marcos arquitetônico da cidade e a destruição de parte de sua memória cultural (fotos: Anaurelino Ramos)
A ausência de compromisso com a memória do município, as interferências urbanas, aliadas às vendas e privatizações de bens públicos, fazem desaparecer um pouco das características arquitetônicas e da história de Nova Andradina (MS).
Um bom exemplo é o antigo prédio da Prefeitura Municipal onde, em anexo, também funcionava a própria Câmara Municipal.
Administradores do passado e do presente colaboraram para fazer desaparecer uma arquitetura que fazia parte do cotidiano dos nova- andradinenses.
O antigo prédio, construído há mais de seis décadas, na época em que o município ganhou a sua emancipação, foi desocupado no dia 30 de abril de 2015, quando da inauguração da nova sede do governo municipal.
Enquanto que a Câmara funcionou no local até o dia 30 de julho de 2008.
Venda
O prédio foi vendido há vários anos, em um pregão vencido por empresários da cidade.
O projeto da venda do antigo prédio foi idealizado pelo ex-prefeito e engenheiro Roberto Hashioka. E o projeto seguiu com a primeira gestão do atual prefeito Gilberto Garcia.
E ambos não tiveram nenhum tipo de resistência. Nem por parte da Câmara de Vereadores, nem da população, sem que, houvesse pelo menos reflexões sobre a venda do bem público.
Descaracterização
E o que hoje se vê é a total descaracterização do prédio, que foi uma das principais referências históricas do município.
Modificações
Depois que o município se desfez deste patrimônio, ou seja, vendeu o prédio da antiga sede, nem é preciso ter um olhar observador para detectar as grandes mudanças na edificação que, literalmente, apagaram um belo estilo arquitetônico que faz parte da memória da cidade.
Área vendida
A área onde estava instalada a antiga prefeitura, na região nobre e central da cidade, tinha 8.800 metros quadrados quando foi vendida.
Leilão milionário
O leilão milionário aconteceu no dia 14 de setembro de 2017, aberto com o valor mínimo de R$ 2.221.307,00.
Região delimitada pela Avenida Antônio Joaquim de Moura Andrade, Rua João Teodoro Braga, Rua da Saudade e Rua Milton Modesto, fica em uma região nobre da cidade.
Memória
Os jovens de amanhã e mesmo alguns nos dias de hoje, podem nem sequer ter a ideia de que naquela área, naquele prédio foram tomadas muitas decisões importantes em prol do município.
Diversos legisladores e administradores públicos passaram boa parte de suas vidas trabalhando neste local.
Agora, tudo está modificado, nada do que era antes existe mais. Sem levar em conta que tudo isso ainda poderá ruir.
Tombamento
A reportagem ouviu muitos moradores antigos. Alguns nascidos em Nova Andradina.
Outros, quando chegaram ao município, ainda eram crianças. E já encontraram o prédio no local.
Tombamento como patrimônio histórico
A maioria acha que a medida mais acertada seria o tombamento do prédio. E manter em pé parte de sua história.
Hoje, já é tarde para qualquer decisão que favoreça a história e a cultura local. Os novos donos começam a modificar a sua arquitetura, o seu visual não vai ser mais o mesmo.
História agonizando
E a história de Nova Andradina vai agonizando aos poucos. Uma edificação antiga significava muito para o passado, da mesma forma, ao presente da cidade.
Apesar de a mudança significar mais conforto, modernidade e comodidade ao funcionalismo e a população que procura o novo Paço Municipal.
Por sua vez, é o município que vai perdendo boa parte de sua história e deixando de lado a preservação do seu patrimônio cultural.
Seria como esquecer que o presente tem um compromisso com o passado.
São os administradores desconstruindo para construir.
Impondo seus sofisticados projetos arquitetônicos, em detrimento da arquitetura antiga, legando a memória da cidade às fotografias oficiais. (Vale do Ivinhema Agora)